Cartas ao director

O deslassar do Estado...

Sente-se e lamenta-se. Porque ameaça a democracia, termina com a liberdade e deixa a toda uma sorte de populismos a invasão do quotidiano, desde a Assembleia da República ao mais banal dia dum cidadão comum. Professores na rua, alunos sem aulas, hospitais públicos sem médicos, interesses privados com socialização pública, barcos comprados sem bateria, gestores corruptos que transitam de e para governo, marinheiros "insubordinados" e almirantes exibicionistas, enfim, todo um rol de gente e situações que não augura nada de bom.

Isto num plano "macro", mas a situação é similar ao que encontro no acto simples de sair à rua. Não se vê um polícia, os cães sujam a rua, as trotinetes são deixadas em qualquer sítio e de qualquer maneira, as mesmas andam a velocidade exorbitante nos passeios, bem como as bicicletas, os carros estacionam nas passadeiras, nos passeios e em segunda e terceira fila à "tripa forra", os caixotes do lixo são arrancados e espalhados, os sinais de trânsito são desrespeitados a toda a hora, enfim, é o fartar vilanagem.

Isto num plano "micro" servido por uma burocracia de antanho, e não estou a inventar pois vivo-o no dia dia numa zona dita nobre da cidade. Lamento fazer este "uivo lamentoso" dum cidadão social-democrata que detesta as desigualdades, bem como a anarquia, e preza a liberdade. E para isso precisa dum Estado que regule com firmeza e limpidez, não despreze o sector público como estrutura central, não se deixe seduzir pelo populismo vindo de qualquer lado ideológico, antes dando a mão a qualquer tipo de desmando, macro ou micro, e não seja governado ao Deus dará.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

O comportamento da Universidade Fernando Pessoa

A Universidade Fernando Pessoa usou estratagemas ilegais para conseguir a abertura do curso de Medicina, como a utilização do nome de vários médicos na candidatura apresentada, sem que estes tivessem dado o seu consentimento para tal. E agora, ingenuamente, pergunto eu: isto é crime ou não, senhores do Ministério Público? Será que um curso que nasce de comportamentos tão imorais e ilegais pode continuar a ter existência? Que exigência de ensino e aprendizagem pode, depois disto, garantir o professor doutor Salvato Trigo, presidente do conselho de administração da Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa? Que garantia de funcionamento focado na credibilidade e na competência intelectualmente honesta pode garantir o reitor recentemente empossado, Álvaro José Nascimento? Confesso que fico perplexo e envergonhado com estes tipos de comportamento. Tem de ser feita justiça.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Presidente ou chefe da oposição?

Não sou filiado em nenhum partido para ser independente e poder ter opinião livre. Opinião que me faz afirmar ter-me sentido envergonhado com as palavras do Presidente (em quem até votei) sobre o plano governamental para a habitação. Se o Governo é tão mau, tenha a coragem de o substituir e deixe de lhe jogar cascas de banana, como o de recorrer ao Tribunal Constitucional (onde foi derrotado), ou de incentivar as manifestações de rua, etc. Só não é capaz de o fazer por saber que o seu partido não tem um líder válido e temer uma provável aliança com o Chega. Será que se a gestora despedida da TAP ganhar uma indemnização vai culpar o ministro quando, como a comunicação social noticiou, foi por imposição sua que foi demitida? O que se pode esperar deste comportamento, senão uma crescente crispação? Até que ponto o Presidente sacrificará o interesse público ao partidário?<_o3a_p>

Rui Lima, Amadora

<_o3a_p>Lucros na TAP?

<_o3a_p>Tenho algumas dúvidas de que o que é apresentado como resultados positivos pela TAP seja realmente lucro. Se atendermos que ainda se mantêm os cortes salariais e que a empresa está a beneficiar de bónus fiscais, será que revertendo estas duas condicionantes havia um saldo positivo? Após a pandemia, a companhia de aviação Lufthansa foi capaz de devolver ao Estado alemão os 6 mil milhões de euros que lhe tinham sido emprestados. Aqui, sim, podemos dizer que houve uma excelente administração. Compreende-se que se queira dar aspecto de uma companhia saudável quando se pretende negociar a sua venda, mas os possíveis investidores não são inocentes e saberão fazer uma análise perfeita da companhia. Todo e qualquer negócio que não reverta para o Estado tudo quanto lá foi colocado será sempre mau.

António Barbosa, Porto

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