Cartas ao director

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Os enviesamentos de Carmo Afonso

Carmo Afonso apresenta uma visão muito sua da crise institucional entre o Presidente da República e o primeiro-ministro. Penso que a expectativa de dissolução da Assembleia da República ou demissão de António Costa foi mais criada pelos comentadores políticos do que desejada pelo povo português. O Presidente da República sublinhou-o e bem. Os poderes do Presidente, nomeadamente o da dissolução da Assembleia da República, não se gastam ou desaparecem se não forem usados.

Na minha opinião, Marcelo Rebelo de Sousa não saiu fragilizado, obrigou antes o primeiro-ministro a agir, a pôr “a cabeça no cepo” pelo seu ministro e é bem provável que a perca! Eu, e se calhar a maior parte dos portugueses, não percebe, dada a gravidade das acções e das mentiras de João Galamba, como é que António Costa o segura. Se queria dar uma demonstração de vitalidade para o país (…), só tinha de remodelar o Governo, livrando-se de incompetentes e mentirosos. Mas preferiu dar um sinal ao PS...

Já agora, quem pediu eleições foram os partidos à direita do PSD. O PSD diz-se preparado para ir a eleições e não é o facto de o seu líder estar convencido de que João Galamba cairia que o torna mais ou menos preparado ou com apetites. É claro que se todos no PSD continuarem, e muito bem, a recusar qualquer tipo de relação política com o Chega, melhor. Assim, o tempo corre a favor do partido e do seu líder, se este optar por oposição e linguagem responsável. É que, para grosseria e disparates, à direita existem dois partidos, o Chega e a IL.

Maria Silva, Lisboa

O que Marcelo devia saber

1. Tal como na história de Pedro e o lobo, usar a palavra “dissolução” semana sim, semana não, tem tudo para acabar mal.

2. A palavra “dissolução” é para ser usada uma vez só no dia do acontecimento, como fizeram presidentes anteriores talvez menos doutos, porém mais sábios.

3. Se Marcelo achava (e eu também acho) que Galamba devia ser demitido, devia tê-lo dito no recato do gabinete ao primeiro-ministro e não às televisões, pois é assim que essas coisas se fazem.

4. Para haver dissolução do Parlamento, é preciso um pretexto; António Costa deu-lho e, afinal, Marcelo não aproveitou, possivelmente está à espera de que o seu partido cresça mais um bocadinho e o PS se desgaste mais um bocadão.

5. Se disto podemos tirar alguma ilação, é que tão cedo Marcelo não vai falar em dissolução.

Quintino Silva, Paredes de Coura

O último fusível

O senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, após os continuados e perigosos curto-circuitos que têm ocorrido no seio da governação socialista, levaram-no a “arvorar-se” no “último fusível de segurança” no mal apetrechado “quadro eléctrico”, do qual dimanam todas as sinergias governativas no sentido de convergirem num só sentido positivo.

Pelo que vamos constatando, existem muitos “penetras” que continuadamente tentam “roubar” energia à máquina governativa, enquanto alguns, incluídos na máquina da governação, não têm feito melhor, numa espécie de sabotagem que tem feito abortar o que muito de melhor se poderia ter feito. Muitos destes nefastos casos podem ser classificados de “pior é impossível e mesmo impensável”.

José Amaral, V.N. Gaia

Pobre língua de Camões

Devia ter sido notícia, mas não foi. O dia 5 de maio é, desde há poucos anos, o Dia Internacional da Língua Portuguesa, mas quase nenhum órgão de comunicação falou disso. Assombroso. Alguns referiram ser o Dia do Cortesia ao Volante e fizeram até apelos a uma condução responsável nas estradas portuguesas. Várias vezes se ouviu este apelo na rádio.

Todavia, perante este quase completo silêncio, muito pouca gente terá dado conta do que se comemorava também. Uma tristeza. Incompreensível. A pergunta fica sem resposta. Porquê este silêncio nos media? Será que comemorar a língua portuguesa é visto como uma vergonha ou algo sem nenhuma importância? Parece haver uma certa indiferença... neste lugar onde a língua teve origem. Língua essa de cerca de 300 milhões de falantes e em expansão. Pobre língua, que tão maus filhos tem...

Algo chamou em particular a atenção. Pela primeira vez, este dia foi comemorado em Olivença, local onde se luta para recuperar o idioma luso, e com um programa muito apelativo e de rara qualidade, e amplamente divulgado. Com raríssimas exceções, nem esse aspeto foi referido. Pobre língua de Camões, tão maltratada pelos seus herdeiros em Portugal!

Carlos Luna, Estremoz

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