Ferguson garante voo inédito de “gaivotas” nos céus da Europa

A dois jogos de encerrar a época, o Brighton & Hove Albion qualificou-se pela primeira vez na história para uma prova da UEFA.

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Evan Ferguson celebra segundo golo com o japonês Kaoru Mitoma Reuters/TOBY MELVILLE
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Na Premier League, o dia era de festa rija em Manchester, onde o já tricampeão City recebeu e bateu, por 1-0, um desnorteado Chelsea na penúltima ronda da Liga inglesa. Campeão que, ainda sob o efeito da coroação, tem esta quarta-feira uma deslocação ao sul do país para acertar calendário frente ao Brighton... Onde encontrará um ambiente de festa e um clube que a um mês de completar 122 anos de existência conseguiu um marco histórico, qualificando-se pela primeira vez para uma competição europeia.

E um dos responsáveis por este desfecho — o primeiro reforço da época —, apesar dos 18 anos de idade, apresenta-se com um nome de respeito: Ferguson não é Alex, nem escocês, nem treinador, muito menos Sir. Mas Evan, irlandês, filho de um antigo defesa sem currículo de monta, entrou para a história ao assinar o bis que permitiu construir o resultado pretendido.

Ao vencer (3-1) o despromovido Southampton, a equipa orientada pelo intaliano Roberto de Zerbi — que sucedeu a Graham Potter quando o Chelsea chamou o inglês para substituir o alemão Thomas Tuchel — assegurou matematicamente o sétimo lugar... ainda que ocupe o sexto e aí possa concluir o campeonato.

Com 61 pontos, a cinco do Liverpool (5.º), o Brighton até poderia sonhar com o quinto lugar. Para isso, teria de vencer os tricampeões de Pep Guardiola (cinco campeonatos em seis épocas) e ainda o sétimo classificado, Aston Villa, equipa que que soma 58 pontos e recebe os “seagulls” para encerrar a época no próximo domingo... E ainda, esperar que o Liverpool perca em Southampton.

Liga Europa à porta

Um quadro improvável, mas que no que diz respeito ao sexto e sétimo lugares até oferece uma boa perspectiva aos rapazes de Brighton and Hove. Um ponto com o City esvaziaria por completo as parcas esperanças dos “villans” de Birmingham.

E convém recordar que as “gaivotas” já bateram nesta temporada emblemas como o Manchester United e Chelsea (ambos por duas vezes), Arsenal (0-3) e Liverpool (Zerbi estreou-se com um empate em Anfield e venceu os “reds” por 3-0, em casa).

No pior cenário, caso parta mesmo para o confronto directo final com o Aston Villa, o Brighton pode jogar com dois resultados, se bem que mesmo uma derrota permita garantir o sexto lugar e o respectivo acesso à Liga Europa em vez da queda para a Liga Conferência.

Isto porque o actual saldo favorável de 16 golos (ainda falta o jogo com o Manchester City) é, em condições normais, insuperável. Mas caso o Aston Villa viesse a nivelar as contas do primeiro critério de desempate (diferença de golos), ainda teria o segundo, respeitante aos golos marcados, em que apresenta menos 21 do que os “seagulls”.

E depois da guerra...

A proeza do Brighton é, apesar dos seis jogos e dos 13 preciosos pontos (quatro vitórias e um empate) garantidos por Graham Potter, obra de um jovem treinador italiano. Roberto de Zerbi foi um jogador mediano, uma promessa nunca confirmada do scouting do AC Milan de Fabio Capello, que depois rodou por emblemas secundários até surgir no Nápoles dez anos mais tarde.

Antes de enveredar pela carreira de treinador, De Zerbi foi bicampeão romeno pelo Cluj de Toni Conceição (2009/10) e Jorge Costa (2011/12). A carreira de treinador, apesar de ter 43 anos, também não foi propriamente um conto de fadas.

A ascensão teve de ser feita a pulso: do Darfo Boario ao Sassuolo, com paragens no Foggia, Palermo e Benevento e algumas chicotadas à mistura. O primeiro impulso surgiu com um convite da Ucrânia, onde sucedeu ao português Luís Castro e conquistou a Supertaça pelo Shakhtar Donetsk. A invasão do território ucraniano pelas tropas russas ditou o fim de uma aventura e o começo de outra, que agora deixa o italiano nas bocas da Europa.

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